quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Quem tem coragem escreve verdades...Companheiro Roberto Tavares é bom nisso.

A chuva, o asfalto e o tapa-buracos 

Artigo de Roberto Tavares

           Roberto Tavares

Qualquer pessoa que tem o hábito de se informar sobre os acontecimentos de nossa cidade, seja pelas rádios, sites de notícias locais, jornais diários impressos ou mesmo por meio dos vários blogs e redes sociais da internet vai concordar que dois assuntos dominaram as discussões dos cidadãos de Catalão na semana passada. O primeiro foi o trágico acidente ocorrido no cruzamento da Rua Wagner Estelita Campos com a Avenida Raulina Fonseca Paschoal, que terminou por vitimar fatalmente uma jovem mãe e deixou toda a cidade comovida e perplexa com o ocorrido. O segundo assunto mais comentado, principalmente nas redes sociais onde está rendendo até hoje, são os buracos provocados pelas chuvas nas ruas de nossa cidade. Esse também é um grave problema, mas é levado com mais bom humor pela população, dando origem a piadas, charges e demais escárnios, mas é sim uma situação que incomoda muito.
Primeiro porque são MUITOS buracos, principalmente nos bairros mais distantes do centro da cidade. Para citar só um caso: nos últimos dias quem vai do bairro Castelo Branco com destino ao Centro, usando como rota a Avenida José Marcelino, se sente em um rali. É uma verdadeira aventura, tamanha a habilidade que é exigida do motorista para desviar dos buracos. Isso para quem dirige carro, para os motociclistas é ainda pior, pois além habilidade para desviar dos buracos é preciso saber desviar dos banhos de lama que os outros veículos acabam por dar quando passam sobre as poças. Se ficasse nisso até seria divertido (?), o problema fica sério mesmo quando os buracos começam a furar pneus, amassar rodas, quebrar amortecedores e derrubar motociclistas, aí a situação deixa mesmo de ser cômica.
Quando os prejuízos começam a paciência do cidadão acaba. Aí começa o jogo de responsabilização: de quem é a culpa pelos buracos? Quem vai se responsabilizar pelos prejuízos que tomei? Vou processar São Pedro pelo excesso de chuva? É claro que a água que vem caindo sem trégua desde dezembro contribuiu para abrir várias crateras pela cidade afora, mas a verdade é que se o asfalto for bom não importa a quantidade de chuva que cai do céu, não vai surgir um buraco sequer. Duvida? Então transite pela Avenida 20 de agosto, não há NENHUM buraco e os poucos estragos no asfalto podem ser contados nos dedos de uma só mão e são muito menores que os do Castelo Branco, Paineiras, Monsenhor Souza, Leblon e demais bairros periféricos.
Não se pode negar que a Prefeitura vem atacando o problema, mas a forma usada é a menos eficiente nesse tempo chuvoso. A atuação do tapa-buracos é importantíssima e fundamental em qualquer cidade, mas enquanto o tempo não firmar sua ação será inócua e de nada adiantará aumentar as equipes e distribuí-las aleatoriamente pela cidade, pois se um buraco é tapado e logo depois chove ele vai abrir novamente, e aí haja remendo (e dinheiro público) para ser continuamente usado nessa operação.
Então o que fazer com os buracos enquanto não acabarem as chuvas? Deixá-los abertos e aumentando? É claro que não, mas o ideal é que existisse um plano estratégico de intervenções periódicas, envolvendo também manutenção preventiva, de modo a garantir um retardamento do desgaste da superfície do pavimento. Nesse ponto o malfadado pavimento com bloquetes tinha suas vantagens. É verdade que ninguém sente saudades do calçamento com bloquetes e de suas ondulações e tremores, mas além de ser ecologicamente correto, pois não impermeabiliza o solo e permite a passagem da água, por isso não é levado pela chuva como o asfalto, sua manutenção não dependia das condições climáticas. Mas o uso do bloquete foi relegado a um passado distante e ultrapassado, ao ponto de o poder público nem o cogitar como alternativa para nada, mas esses dias chuvosos mostraram que é preciso sim ter outras opções além do remendo de lama asfáltica.
Mas uma coisa é certa: se todos os bairros tivessem o mesmo asfalto do centro da cidade a quantidade de buracos seria muito menor. A Prefeitura ficaria livre de ações judiciais para reparação de perdas e danos causados pelos buracos, não haveria necessidade de se manter várias equipes de tapa-buraco em funcionamento e a economia de dinheiro público poderia ser revertida em outras áreas, como galerias de drenagem pluvial, por exemplo. As redes sociais teriam um assunto a menos para fazer humor, mas os cidadãos ganhariam a satisfação de saber que o dinheiro público foi gasto em um produto de qualidade, com necessidade mínima de manutenção, e que resistiria ao clima, faça sol ou chuva.

Roberto Tavares
Técnico Administrativo do Departamento de Educação da Universidade Federal de Goiás - Campus Catalão
Graduado em Geografia e Pós-Graduado em Gestão Pública, ambos pela UFG/CAC

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