
Sabe aquela história de que política é como nuvem - você olha e está de um jeito, olha de novo e já mudou? A frase, atribuída ao ex-governador mineiro Magalhães Pinto, é antiga e mostra que sempre foi assim. Mas com os registros e a facilidade de pesquisa da internet, as lideranças políticas têm de ter cuidado em dobro com o que dizem e escrevem para não deixar, digamos, tão explícitas suas incoerências.
Pois nessas voltas que a política dá, o secretário de Educação do governo Marconi Perillo (PSDB), Thiago Peixoto, ex-PMDB e agora no PSD, apareceu esta semana no jornal chamando o ex-aliado Iris Rezende (PMDB) de "tirano" e "aliado de todos os poderosos".
Thiago, que se aliou ao poder depois de eleito deputado federal pelo PMDB, reagia a acusação de Iris de que a saída de Flávio Peixoto, pai do secretário, representava "traição de amigos do poder".
"Mais uma vez Iris tenta se passar por um messias, tendo a prepotência de se comparar a Jesus. Quem conhece Iris de perto sabe que ele não passa de um tirano autoritário e rancoroso, incapaz de conviver com ideias novas e com a modernidade", disse Thiago, ao Giro de quarta-feira.
O ex-peemedebista mudou para valer de discurso. Há um ano e dois meses, aqui mesmo no POPULAR, Thiago escreveu um artigo sobre Iris, que depois foi republicado no blog dele em homenagem ao ex-prefeito pelo aniversário de 77 anos. No texto, intitulado Imunes à derrota, o então aliado dizia que, mesmo perdendo a disputa pelo governo, Iris "agigantou-se" no processo eleitoral.
"Iris, sem dúvida alguma, continua na luta e do lado em que sempre esteve: o dos interesses da sociedade – independentemente de ocupar ou não mandato ou cargo no poder Executivo", diz o artigo. E tem mais: "Todos nós que estivemos ao lado de Iris neste processo político e que abraçamos o projeto administrativo encabeçado por ele sabemos o nosso caminho. Só precisamos entender que perdemos apenas uma eleição – não se trata aqui de minimizar uma derrota, mas de dar o devido valor às coisas. Não perdemos nossa postura ética, não perdemos nossos princípios e tampouco os nossos ideais. Carregamos com Iris, intactos os nossos sonhos e esperanças, convictos de que fazemos parte de uma população sempre disposta a trabalhar, rumo a um futuro cada vez melhor para Goiás".
A essa altura, Thiago já tinha sido convidado pelo governo a assumir a Seduc. No mesmo dia da publicação no blog do então peemedebista, o jornal O POPULAR revelava que ele tendia a aceitar o convite. Tido como um dos possíveis herdeiros do capital político de Iris, ele foi seduzido pelo governo e se despediu do PMDB.
Fonte: Fabiana Pulcineli
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