terça-feira, 3 de julho de 2012

Operação Monte Carlo: Demóstenes Torres discursa no Senado Senador se defende às vésperas do julgamento sobre a cassação de seu mandato.





“Fui ao fundo do poço, mas me reergui”, argumenta o senador Demóstenes Torres (sem partido), no primeiro de uma série de discursos que deverão ser feitos diariamente desta segunda-feira (2/7) até o próximo dia 11, quando o Senado vota pela possibilidade de cassação de seu mandato.



Ele solicitou a palavra no plenário e alegou, veementemente, que está de consciência tranquila e lutando por manter o mandato conquistado com o “apoio do povo goiano”. Segundo ele, a polícia degravou apenas 0,01% das gravações telefônicas registradas durante a Operação Monte Carlo, mas que, ainda assim, ele se tornou o vilão do caso, “mesmo que nada tenha se realizado”. “São 180 segundos que vão derrubar um senador, mais de 12 milhões de votos desperdiçados por causa de uma interpretação", alegou.



O ex-Democratas afirmou ainda que não colocou seu mandato a serviço de Cachoeira, mas em prol das "forças produtivas" de Goiás e do Brasil. "Os setores da economia que me procuraram foram atendidos, na medida da presteza que determinados ocupantes de órgãos públicos reservavam para integrantes da oposição. Nunca pedi nada de ilegal a nenhum deles, nem a ninguém. Atuei apenas em nome do desenvolvimento do meu Estado", relatou, completando que nunca recebeu vantagem indevida em troca de suas ações como senador. 



Demóstenes tornou ao argumento de que foi citado irresponsavelmente nas conversas, mas se disse já sem lágrimas a verter pela injustiça a que foi vítima. Ele informou que deu satisfação a alguns de seus colegas, mas que ainda não teve a oportunidade de falar com todos. “Tive vergonha de falar, não porque me faltavam argumentos, mas porque me lembrei de todos os bons momentos vividos nessa Casa”, se defendeu.



Esse é o segundo pronunciamento de Demóstenes em plenário, desde que foram iniciados os desdobramentos da Operação Monte Carlo e apontadas suas relações com o empresário Carlos Cachoeira. A primeira ocasião foi ainda no início das acusações, quando ele obteve apoio integral dos colegas. Em referência a esse momento, ele disse que provará que sua “honradez e retidão” ainda são dignos deste apoio, do qual ele é imensamente grato. “Quem está aqui hoje é o mesmo homem daquele dia, esgotado, abatido, cansado, mas que volta de peito aberto pedindo perdão pelos erros que cometeu e compreensão para que a injustiça seja reparada”, declarou.



A intenção do discurso, segundo seus advogados, era esclarecer a situação de Demóstenes aos senadores, aos quais ele se desculpou nominalmente. Ele afirmou por fim, que continuará falando diariamente na tribuna, a fim de “apresentar os fatos da verdade”.



Ainda na semana passada, o Conselho de Ética aprovou o pedido de perda de mandato. Nessa quarta-feira (4/7), a CCJ (Comissão de Constituição de Justiça) analisará se o processo feriu algum preceito legal ou constitucional, mas o relator da comissão senador Pedro Taques (PDT-MT) já sinalizou pela manutenção do processo. Diante disso, os senadores poderão votar, em sessão secreta, sobre a manutenção de Demóstenes no Senado, sendo necessários pelo menos 41 votos favoráveis para que se dê a cassação.


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